AS MATRIARCAS
Retratos das Mulheres nas Culturas Populares e Tradicionais Paulista
ALESSANDRA RIBEIRO
Alessandra Ribeiro é fundadora e mestre da comunidade Jongo Dito Ribeiro, em Campinas (SP). Formada em História e Doutora em Urbanismo pela PUC, é especialista em temas associados à matriz africana, memória e representação. Ela também é gestora cultural da Casa de Cultura Fazenda Roseira, mãe de santo umbandista e consultora especializada em Estudos e Gestão Cultural de Matriz Africana e Patrimônio Cultural Imaterial.
A Roseira é um espaço público de gestão compartilhada — com a Prefeitura de Campinas —, que abriga a comunidade, desde 2007. O local, que é referência em ciência, tecnologia, pesquisa, vivências e práticas culturais voltadas para a matriz africana, é responsável por resgatar a ancestralidade, educar e debater aspectos da cultura negra, embalado pelo ritmo do Jongo, dança brasileira de origem africana praticada com o som de tambores.
Alessandra costuma dizer que a Roseira “é o espaço físico do Dito Ribeiro, como um corpo que abriga a alma, o coração e cérebro da casa”.
A construção do Dito e da Roseira começou com o reencontro de Alessandra com a história do avô, Benedito Ribeiro, durante uma vivência na casa de Cultura Tainã, um outro núcleo de resistência negra da cidade. O avô foi reconhecido como liderança na comunidade, que na década de 30 manteve a tradição do jongo recebido por seus antepassados através das realizações de festas aos santos católicos. “Ele acolhe a todos, independentemente de classe social ou cor de pele, Dito Ribeiro é união, é um segurar a mão do outro para que juntos possamos fazer o que eu não posso fazer sozinho”, diz Alessandra.