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ANA MIRANDA

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A campineira Ana Maria Miranda, filha de uma tradicional família de sambadores de bumbo do bairro São Bernardo, foi criada envolta à música. É co-fundadora e participante dos Urucungos desde o início, em 1988. Ela conta que entre as lembranças mais fortes sobre a infância estão os almoços na casa dos avós paternos, seguido dos sambas de bumbo e samba de roda, junto de toda a família.  

 

Em 1987, Ana era funcionária da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde conheceu Raquel Trindade, professora do Instituto de Artes (IA).  

 

Na época, a artista popular Raquel - filha do poeta Solano Trindade - havia sido convidada para dar aulas de danças populares e religiosas do Brasil na universidade. A ausência de estudantes negros no campus incentivou que ela propusesse um curso de extensão  que abrangesse a cultura negra, aberto à pessoas da comunidade, incluindo funcionários da Unicamp. 

 

Foi depois de uma apresentação de Maracatu do grupo Solano Trindade, no ginásio da universidade, que Ana entrou para o grupo. “Aquilo era lindo demais, quando eu saí de lá, teve a chamada para a extensão que ela organizou e eu fui a primeira a me inscrever”, diz. 

 

O curso foi a origem do Urucungos, Puítas e Quijengues, que se dedicou (e se dedica)  a pesquisas e execução de ritmos como o maracatu, jongo mineiro e fluminense, baião, lundu, lundu colonial, coco do alagoas , bumba meu boi, samba lenço paulista e samba de bumbo. 

 

Depois de Raquel ir embora da cidade, Ana foi uma das responsáveis por coordenar o grupo, incubida também de ser a “rainha do Maracatu”, além de primeira presidenta do Urucungos. Para ela, o grupo ajudou a retomar as origens da infância. “Entrei de corpo e alma, gosto de dançar, de cantar, gosto do que eu faço e sou muito agradecida à todos que passaram por aqui, especialmente as meninas mais jovens que continuarão com o grupo”, afirma. 

 

Dona Ana conta que entre o que viveu quando criança até o Urucungos, o samba de bumbo ficou longe de sua vida. Foi junto de Alceu José, filho de Dona Tina - outra participante do grupo - que retomou o contato com o ritmo. Para Ana, os ritmos são uma forma de  preservar e honrar a ancestralidade. 

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